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Capítulo 28Ayaka – Primeiro passo no espaço novo

Ayaka – Primeiro passo no espaço novo

O estúdio parecia mais calmo agora.

Ou talvez… fosse Ayaka que estivesse ouvindo melhor.

Nicole tinha deixado as duas livres depois da revelação, dizendo apenas:

— "Explorem. Esse espaço também é de vocês."

Ayaka, inquieta como sempre, foi a primeira a sair pela porta de vidro do escritório.

Violet ficou sentada, abraçada às próprias pernas, olhando a folha dos passes especiais ainda em mãos.

Mas Ayaka?

Ela precisava se mover.

Entender com o corpo o que a mente ainda resistia em aceitar.

O corredor principal do Studio Kuuhaku tinha cheiro de papel novo e café.

Quadros com artes conceituais alinhados na parede.

Paredões de vidro mostrando salas de animadores e desenhistas trabalhando.

Ayaka andava devagar.

Funcionários a olhavam.

Alguns apenas sorriam e baixavam a cabeça.

Outros… se aproximavam.

Um homem de cabelo azul-acinzentado, vestindo um crachá de "Color Design", veio primeiro.

「おお、ニックさんの娘さんですよね?将来有望ですね!」

"Ah, você é filha do Nick, certo? Promete muito para o futuro!"

Ayaka congelou.

Olhou pra ele.

Olhou pro celular.

Com dedos trêmulos, abriu o aplicativo de tradução simultânea.

Apontou pra boca dele.

O homem sorriu ainda mais.

Ela respondeu, lendo devagar o que saiu:

— “Muito… obrigada?”

O homem riu e inclinou a cabeça respeitosamente.

Outro grupo se aproximou: duas mulheres com tablet na mão, crachás de "Storyboard" e "Direction Assistant".

「あの、もし興味があれば、見学してもいいですよ。」

"Se tiver interesse, pode visitar a área de storyboards, viu?"

Ayaka apontou o celular.

Leu.

E com um sorriso meio torto, respondeu:

— “Sim. Eu… gostaria.”

Elas riram de forma gentil e a guiaram pelo corredor.

Ayaka passou por áreas que pareciam de outro mundo:

Salas com paredes inteiras de telas touchscreen cheias de personagens desenhados em tempo real;

Gente discutindo sobre design de uniformes espaciais e expressões faciais de androides;

Salas de som, onde dubladores gravavam falas dentro de cabines de vidro;

E uma biblioteca interna — só com mangás, livros de arte e referências culturais.

Ela não entendia metade das palavras.

Mas sentia.

Cada quadro.

Cada expressão animada.

Cada diálogo fragmentado.

Ali, ela não era só filha de alguém.

Era parte de algo.

Algo que talvez já tivesse nascido com ela.

De volta ao corredor, Ayaka parou diante de uma parede cheia de pequenos quadros de agradecimento.

Cada quadro era assinado por diferentes projetos.

E embaixo de muitos...

Lá estava.

De novo.

N. & N.

As iniciais dos pais.

Ela passou a mão pelos nomes.

Respirou fundo.

Sorriu sozinha, triste e feliz ao mesmo tempo.

— “Eles sempre estiveram aqui…”

Quando voltou para perto do escritório, viu Violet sentada ainda na mesma posição — olhando fixamente pra algo nas mãos.

Ayaka chegou devagar.

— “Violet?”

Violet não respondeu.

Porque ela segurava um caderno.

Um caderno de arte.

Aberto na página onde havia dois esboços.

Esboços de duas meninas — uma com sorriso torto e olhos vivos.

Outra com olhar calmo e profundo.

Ayaka e Violet.

Desenhadas por Nick.

Anos atrás.

Ayaka se ajoelhou ao lado dela.

Violet murmurou:

— “Eu não sei se eu tô feliz… ou se eu quero chorar.”

Ayaka passou a mão no cabelo da irmã.

— “Eu acho que dá pra fazer as duas coisas.”

Elas ficaram ali, encostadas uma na outra.

O barulho de teclados e canetas digitais preenchia o fundo.

O calor suave do sol invadia pelas janelas.

E dentro delas…

o espaço em branco começava a se preencher.

Fim do Capítulo 28